quarta-feira, 25 de março de 2009

CONCURSO DE CARTAS DE AMOR

CARTA VENCEDORA
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Algures no Mundo, Inverno.
Meu querido,
Preciso de desabafar. Preciso que alguém escute o que tenho para dizer. Preciso que me respondas a uma simples questão: “ O que farias se fosses tu?”.
Amor tem diversas definições.
Por curiosidade espreitei, no dicionário, uma delas. “ (…) Sentimento de afecto profundo; paixão (…) ”, foi a primeira que me apareceu e, também, a que mais me agradou.
Este amor é…é diferente. Não é como o amor que se sente todos os dias pelos nossos pais, irmãos, avós, …. Não. Este é especial. É uma infinidade de sentimentos, palavras e gestos juntos, que fazem da definição que vem nos dicionários, uma definição vaga.
Para mim, o amor não tem uma definição exacta. Não há limites nem barreiras. Anda tudo muito disperso e tudo junto, lado a lado.
O seu significado vê-se através dos olhos de quem ama alguém.
Não nos podemos censurar pela pessoa por quem estamos apaixonados. Não devemos censurar os outros por isso porque, quem sabe um dia, o amor bater-nos-á à porta e não haverá maneira de nos escondermos dele.
Há quem ache que os grandes amores só acontecem na idade adulta, que na adolescência é tudo uma brincadeira e não dura mais que três meses. Em parte, é verdade, mas são essas “brincadeiras” que nos fazem continuar a amar. São as “brincadeiras” que nos conduzem, mais tarde, a relações mais sérias. Com 15 anos, sei muito bem que as paixonetas, que tive e irei ter, não passam disso: paixonetas. Mas cada uma é mais característica que a outra. Aquelas que tivemos aos seis, oito ou doze anos, não são todas iguais. As pessoas crescem e, consigo, crescem os sentimentos, a vontade e a maneira de amar.
A minha paixão de adolescente faz-me apertar as mãos contra o peito, para que não doa, e são lágrimas desperdiçadas a correrem pelo meu rosto.
O amor é como gelo a derreter nas mãos. Se não o vertermos para um copo, perdemos esse amor para sempre. Pior que tudo é quando a pessoa que amamos deixa cair o copo e este parte-se ou não sabemos onde ele está; o amor não correspondido dói. Dói imenso. Mais que um corte no dedo, mais que partir uma perna, é uma ferida/dor interior.
O amor é dor. Mas essa dor é facilmente afagada quando o nosso cavaleiro andante está perto de nós. É o cavalheiro que, todos os dias, faz a sua donzela levantar-se e viver o dia. Quando o sinto por perto, o meu coração acelera e abranda ao mesmo tempo. Fico mais feliz ao vê-lo, faz-me ganhar o dia. Quando nos cumprimentamos fico quente, corada e a tremer, como se tivesse caído na Terra vinda de um foguetão. Só ao sentir o seu toque, levanto voo para um mundo de nuvens, tal como as crianças imaginam ser o céu. Pode parecer de doidos mas eu preocupo-me com ele, e se ele está triste, eu também estou porque estou triste de ele o estar. Não é preciso andar aos beijos pela escola, ou outro lado qualquer, para mostrar que gosto e que quero estar com ele. Basta-me uma pequena e insignificante troca de palavras que faz logo uma grande diferença, ou uma troca de olhares, que me deixa mais completa. É ridículo, eu sei. Mas o amor é uma coisa tão banal e complicada, ao mesmo tempo. É tão difícil, chegarmo-nos ao pé da pessoa de quem gostamos mas tão fácil depois de lá estar. É tão esquisito ver que a pessoa não tem defeitos quando, na realidade, os podia ter, e podia ser a pessoa mais odiosa à face da Terra, que nós nunca o iríamos ver assim. Quando sabemos que vamos ver, ou estar, com essa pessoa, só queremos ser nós próprios mas não deixamos de ter a preocupação de nos aprumarmos um pouco mais, do que o habitual, para fazer melhor figura.
O que farias se, a pessoa de quem falo, fosses tu? Se a pessoa, por quem eu digo, na brincadeira, que estou “pseudo-apaixonada”, fosses tu. Somente tu. Continuavas no comboio ou sairias, e ficarias na gare? Esperavas que alguém te fosse buscar, ou ias-te embora sozinho?
Sei que parece uma estupidez e que passará rápido mal apareça outro rapaz mais interessante. Mas, agora, não existe rapaz nenhum que seja mais interessante que tu, e de quem eu goste tanto. Não me importo com o facto de não me veres como eu te vejo. Não te vou obrigar a sair, nem a esperar. Está mais que visto que não fui feita para ser amada. Isso é um preço a pagar por estar apaixonada. Mas continuarei sentada na gare até o comboio parar, e vou poder gritar bem alto, com todo o meu coração, que me apaixonei por alguém. Alguém como tu.

O amor é um mundo de contrariedades.
O amor é difícil de definir.
O amor é o que somos.
Com amor,
Carolina.
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Carolina Neves Fernandes
Nº3 9ºB